domingo, 14 de junho de 2009

Adeus velho mundo, adeus

Perdi meu caderninho, Luiz. Alguns nomes se perderam, outras negligenciei a escrita. Quando se é um deus ou mochila e tênis, todo resto é ilusão (menos o chulé). Talvez seja mais genuínio a visão de que eu tivesse cruzado o Boulevard St Germain sozinha de ponta a ponta e no fim desse de cara com o Cortázar estampado na capa de um livro de 0,20 centavos de euro, acervos riquíssimos em francês, entre outros novos ritmos: um grupo de street dance divertido e outro de tambores-pulso. Teorias matinais, paciência, a visão das sete escalas, Ganesha, a fotografia vermelha da Índia. Talvez o átomo em Bruxelas fosse inimaginável quanto um bairro-macho-muçulmânico onde eu me visse sozinha, passando, com empinação de pugilista. Quem sabe Amsterdã se torne mais democrática em outras primaveras - e que eu volte lá de bicicleta e sem fumar. Em Praga, flashs diluídos em uma noite de chuva, as bruxas, as esquinas desabitadas, os vãos entre as portas, seu cabelo molhado, o tênis encharcado, a visão noturna de tudo que em mim resistia, leve e insustentável, a la Kundera. Tudo isso visto daqui do banco onde desfecho, em uma bicicleta qualquer de Berlim.

Talvez Londres fosse mais distante vista daqui.